Eu sei que não vão acreditar, mas
garanto-vos que foi assim mesmo.
Tudo começou quando, em casa dos
Santos, decidimos que queríamos raclette para o jantar. Vai daí pusemo-nos a
caminho de Roma. Eu e o Bigodes. Ultrapassa-me a razão por que fomos a Roma comprar raclette, mas aposto que uma ideia tão peregrina deve ter saído
da cabeça do Bigodes.
Pelos vistos fomos de avião,
porque, de repente, estávamos no aeroporto da capital italiana à procura da
saída para nos dirigirmos à loja de queijo raclette mais próxima. E foi nesta
altura que encontrámos a Cláudia Timóteo e a Marisa, que andavam nas suas
habituais viagens por terras de ultramar.
O Bigodes acabou por ir sozinho
comprar o raclette enquanto eu fiquei a dar conversa às meninas. A cavaqueira
não durou muito porque, entretanto, um grupo de terroristas decidiu atacar o
aeroporto. Ainda pensámos que fosse o Bigodes a fazer das suas. Mas estávamos
enganados. Por entre tiros e explosões e malta a fugir em todas as direcções, o
rapaz conseguiu rastejar até ao sítio onde nos esconderamos e trazia consigo
um tupperware rectangular com uma tampa cor de laranja cheiinho de queijo
raclette.
Estávamos nós a delinear um plano
para conseguir chegar a um dos dois aviões estacionados na pista sem sermos
avistados quando o raio dos terroristas decidiram fazer explodir ambos os
aparelhos.
Estávamos encurralados, sem meios
para sair daquele inferno de chumbo e fogo. Felizmente e providencialmente,
apareceu o Nuno Neto que - não lhe perguntei mas presumi - estava no aeroporto
de Roma a fazer a inspecção a um avião. Ele sabia onde havia outra aeronave que
os terroristas ainda não tinham destruído e que poderia ser o nosso meio de
fuga.
Os cinco conseguimos fugir por
entre os destroços do aeroporto até um hangar mais isolado onde se encontrava
um avião a jacto particular. Mas quando estávamos a entrar para o pequeno aparelho
vimos um grupo de terroristas perseguir e disparar sobre um dos sobreviventes
do massacre no aeroporto. Gritámos ao homem para correr na nossa direcção. Aos
zigue-zagues para escapar às balas, o tipo, que era nem mais nem menos que o
David Fincher, lá conseguiu chegar até à escotilha e entrar já com o avião em
movimento.
Descolámos de imediato e
levantámos voo por entre saraivadas de balas disparadas pelas AK 47 dos
terroristas. E estávamos tão aliviados por ter escapado que nem achámos muito
estranho que a Timóteo estivesse aos comandos, com o Neto sentado no lugar do
co-piloto a dar-lhe indicações de como
pilotar a aeronave e a acalmá-la: "tás a ir bem... tás a ir bem".
Não sei exactamente onde aterrámos,
mas sei que chegámos inteiros e parámos, já em terra, na Rotunda do Rato, em
frente à UBI. Mas agora o Bigodes chamava a atenção para outra tragédia: O
raclette que comprara em Roma não dava para todos.
E foi então que, da sua mala de
couro a tira-colo, o David Fincher retirou um tupperware com uma tampa cor de
laranja. Suspirámos todos de alívio por não ter que regressar a Roma, e fomos
para casa dos Santos jantar.
Até ao momento não sei se o
queijo seria assim tão bom e se valeu a pena ir a Roma e passar por todas
aquelas provações para o comprar porque, entretanto... acordei.
Mas pelo menos comecei -
literalmente - o dia a rir-me que nem um perdido ainda com o pijama vestido e a
cabeça na almofada. |
ehehehehehehe
timóteo