O Maior Espectáculo do Mundo vai começar. Daqui a algumas horas – ou minutos, se é que não começou já, dependendo da hora a que este post seja colocado online, que eu demoro uma eternidade a escrever estas porcarias – a Alemanha ou a Costa Rica dão o pontapé de saída para a competição mais amada por qualquer adepto de futebol. É para este mês que se segue de quatro em quatro anos que eu vivo. Bem… eu e a totalidade da população brasileira! Aviso já que não vou torcer por Portugal. Pelo menos daquela forma incondicional como a maioria dos portugueses vai torcer. Não me interpretem mal. Eu não vou torcer pela Selecção Portuguesa como não vou torcer por qualquer outra em particular. Eu vou torcer pelo futebol. Pelo espectáculo. Pela festa do golo. Pelas fintas e reviengas. Pelos remates de trivela. Venham eles de onde e de quem vierem. Se a nossa Selecção jogar bom futebol, então, vou estar do seu lado. Se não… não terei qualquer problema em vê-la ficar pelo caminho. Não me vai aquecer nem arrefecer. Não vou ficar mais triste. Obviamente, eu gostaria tanto que a turma das quinas levantasse a copa como qualquer outro português – ainda que não esteja a ver isso acontecer. Mas só quero que ganhe se merecer ganhar. Se for, efectivamente melhor que as outras. Já lá vai o tempo em que sofria com a Selecção. Esse sofrimento específico terminou há quatro anos com uma agressão do João Pinto a um árbitro Argentino que foi – ou deveria ter sido – um murro no estômago de todos os portugueses que gostam de futebol. De então para cá decidi torcer pela equipa que melhor futebol praticar num determinado jogo. Pela mais habilidosa tecnicamente. Pela que der mais espectáculo. Bom… também não será tanto assim. Tenho, obviamente, preferidos – equipas que habitualmente praticam um bom futebol –, mas também tenho os meus odiozinhos de estimação. Não posso, por exemplo, com a Itália, por muito bom futebol que os transalpinos pratiquem – o que não irá, certamente, acontecer –, porque me habituei a vê-los como uma equipa manhosa, ultra-defensiva e, portanto, traidora do princípio do “futebol-espectáculo”. Pelas razões opostas adoro o Brasil, a Inglaterra e quase todas as equipas sul-americanas e africanas. Também não morro de amores pelo futebol calculista dos alemães. Embora a minha opinião possa estar contaminada de um certo rancor devido a um certo jogo em que um certo francês expulsou indevida e inexplicavelmente um certo português atirando com os lusitanos para fora de um certo Campeonato do Mundo onde os germânicos foram fazer figura triste. Adoro a Argentina, com e sem Maradona. São quase tão tecnicamente dotados como os brasileiros e quase tão tacticamente disciplinados como os alemães: são o melhor de dois mundos. Tenho uma certa simpatia pelos paraguaios porque, a jogar à bola, são quase argentinos. E pelos equatorianos que, com a chincha nos pés, são quase paraguaios. Não simpatizo com as equipas asiáticas. Sobretudo as do extremo oriente. A Coreia e o Japão não têm imaginação, não têm instinto, não têm arte. São robots programados para cumprir funções e não se desviam dos protocolos estabelecidos pelo programador. São cãezinhos treinados para fazer meia-dúzia de habilidades com uma bola. Nada daquilo é deles. Nada daquilo é original. Eles não desenham jogadas. Eles decalcam-nas. Fazem lembrar falsificadores que imitam com uma precisão mecânica vezes sem conta as assinaturas dos mestres. Gostei da França de 98 do Zidane, do Lizarazu, do Thuram, do Karambeau, do Petit, do Desailly, do Barthez, e do Wiltord, mas fiquei a rir-me baixinho quando, quatro anos depois, com toda a sua arrogância, cairam aos pés do humilde Senegal. Eheheh… foi lindo! Depois, e no mesmo patamar, tenho uma certa simpatia pelo belo jogo da Holanda, pelo espírito de equipa dos EUA, pelas “ganas” de Espanha, pela ousadia da Suécia e pela "coolness" da Austrália. Admiro, ainda, de forma particular, as equipas do leste europeu pela devoção que colocam em campo. República Checa, Croácia, Sérvia e Montenegro, Ucrânia e Polónia são quase sempre equipas abnegadas, corajosas, que não poupam no esforço para o jogo seguinte porque tal poupança pode comprometer a presença no jogo seguinte. E que bem soube aquela vitória da Bulgária sobre a Alemanha nos quartos de 94! Por fim, resta-me desejar as boas-vindas aos três estreantes. Que o Togo, Trindade & Tobago e Angola reponham aquela magia e descontracção que as ausências dos Camarões, da Colômbia e da África do Sul retiraram a este Mundial. O Maior Espectáculo do Mundo vai começar. Que seja um grande espectáculo. Que no dia 9 de Julho, em Berlim, levante a Taça a melhor equipa. Que essa equipa seja a que melhor futebol praticou. E que quem melhor futebol praticou seja Portugal. Se não for… bom… pelo menos que tenha sido um grande Mundial. É só o que eu quero. |
Estou com um mau presentimento em reelação à Selecção, meu amigo. Mas mesmo que joguem mal e porcamente, espero que ganhem. Também gostava de ver futebol bonito (e estou confiante que o vamos ter) mas já me desiludi em relação ao princípio do "que ganhe o que melhor futebol praticar". É que depois de ver a Itália a ganhar em 82, a Alemanha a ganhar em 90, e o Brasil em 2002, já para não relembrar a Grécia em 2004... já estou por tudo. "Que ganhe o melhor"?... o melhor é sempre aquele que ganha!