“Oiça lá…” - virei-me eu para a estúpida da empregada do balcão, “…faça favor de encher o meu copo até ao traço!”. Já era a segunda vez que aquilo acontecia na mesma noite. Uma hora antes, na pizzaria do shopping, venderam-me duas fatias e um copo de 40 centilitros de Coca-Cola que vinha uns bons 10 centilitros mais pobre. Agora, no intervalo do cinema, fui ao balcão e pedi outra cola, desta vez de 80 cl. E acontece a mesma coisa. O líquido está uns bons cinco centímetros abaixo do tracinho branco que indica, exactamente, os 80 cl. O que se passa é que eu peço sempre o refrigerante sem gelo. E como as maquinetas dos ditos doseiam o líquido a contar com uma boa dose do gelo no copo a medida fica sempre aquém do anunciado. Eu sei que a culpa não é dos empregados, mas um homem tem que traçar o limite algures. “Oiça lá… faça o favor de encher o copo até ao traço!” “Mas tem a medida toda da máquina…”, responde-me com o ar mais natural do mundo… com as duas mãos em cima do balcão e a olhar por cima do meu ombro para o cliente imediatamente atrás de mim, como a despachar-me rapidamente. "Próximo", grita do alto da arrogância a que pensa poder dar-se ao luxo.
Não, não… eu ainda não acabei! “Oiça rapariga… eu não quero saber da medida da máquina! O que eu sei é que pedi uma cola de 80 cl; você cobrou-me 2,80 euros por uma cola de 80 cl; Pôrra… eu tenho um recibo a dizer “refrigerante de 80 cl --- 2,80 euros"; e tenho um copo que não tem mais que 60 centilitros!... Por isso, encha-me o copo se faz favor. Porque se eu quisesse a cola de 60 cl tinha pago apenas 2,4o euros.” “Pois… não sei… essa é a medida da máquina…a gente carrega num botão e a medida sai certa…” – E faz aquela cara de quem finge que não está a perceber o que a gente lhe está a dizer, na vã esperança que eu, simplesmente, vá embora. Estou a começar a ficar ligeiramente irritado…e um sorrisinho maquiavélico começa a aflorar ao meu rosto. Só preciso de uma desculpa para soltar todo o meu desprezo sobre aquela funcionária estúpida e gorda que nem para tirar a porcaria de uma cola de uma máquina de refrigerantes tem qualificações. “Vamos ver se a gente se entende…” – repito-lhe devagar. Tão devagar que não ficam dúvidas que a estou a insultar. “Eu… pedi… uma… cola… de… 80… centilitros!... qualquer pessoa... com o mínimo... de inteligência... olha para este copo... e percebe... que o líquido não está pelos 80 centilitros. Porque tem ali um tracinho a dizer 80 centilitros… está a ver?… e o líquido está aqui em baixo, cinco centímetros mais abaixo… está a ver?... Agora, eu não sei como é que a menina pode solucionar este problema, até porque o meu nível de conhecimentos não compreende os mistérios que esconde a mui nobre profissão de vender coca-cola e pipocas num balcão de cinema, mas sugeria que, sei lá… voltasse a colocar o copo na máquina… e enchesse até à marca…” Achei que talvez agora o meu pedido fosse atendido. Mas não. A rapariga ainda tentou esboçar outra desculpa qualquer… e a minha paciência esgotou por completo… “Ouve lá ò gorda de merda!... Eu não sei qual é a dificuldade... Para além de feia como um chibo és estúpida como uma porta. Eu não faço a mínima ideia da utilidade que poderás ter no mundo e, no fim do teu turno, sugeria-te que fosses para casa e afogar-te na banheira… cortar os pulsos… meter a cabeça no forno… sei lá, qualquer coisa, que liberte o resto do mundo da tua triste existência… mas até lá… ENCHE-ME A MERDA DO COPO ANTES QUE EU TE ESPETE COM ELE PELOS CORNOS ABAIXO!!!”. Cheguei com quase cinco minutos de atraso à segunda parte do filme... mas valeu a pena! Aliás... acho que hoje lá vou novamente... e nem vou ver filme nenhum. Limito-me a insultar a rapariguinha do shopping, poupo o dinheiro do bilhete, e o grau de satisfação é o mesmo!
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O q realmente me perturba neste teu relato nem são os insultos à miúda... é q tenhas a lata de ir sorver uma cola de 80 cl p dentro da sala de cinema!!! tz tz tz