terça-feira, setembro 05, 2006 |
NÃO |
“A um espírito que diz NÃO com trovões e relâmpagos nem o próprio Diabo pode forçá-lo a dizer sim. Porque todos os homens que dizem sim mentem; Quanto aos homens que dizem NÃO, bom, encontram-se na condição de sensatos viajantes da Europa. Atravessam as fronteiras da Eternidade sem mais nada que uma mala, isto é, o ego. Enquanto, pelo contrário, toda essa gentalha que diz sim viaja com muita bagagem e, malditos sejam, nunca passarão as portas da Alfândega.” Hawthorne
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posted by Raimundo @ terça-feira, setembro 05, 2006 |
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6 Obscenidades evitáveis: |
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Não estarás tu a dizer "sim", ao "não"? Isso faz de ti um viajante com muita bagagem em apenas uma mala?
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Devo louvar a tua tentativa de invalidar o argumento com o próprio argumento - que até nem é originalmente meu. É um bom truque retórico. Mas, como qualquer truque, apenas uma ilusão. O sim e o não, o positivo e o negativo, o "0" e o "1", o verdadeiro e o falso, o mais e o menos não se anulam... somam-se e enfatizam-se mutuamente. Ao fim e ao cabo, dizer "sim" ao "não" não é dizer "sim", é enfatizar o "não".
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O problema é mais complexo que a simples e cómoda enfatização de um dos lados. A escolha por um quadro de comportamentos implica uma negociação, quantas vezes perversa, com o oposto. Nem que seja porque as circunstâncias nos obrigam a encontrar definições por oposição.
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Ora bem...
dizer, simplesmente, "NÃO", não implica negociação absolutamente nenhuma. Não há enfatização, seja ela ou não cómoda, não há qualquer definição por oposição.
Dizer "NÃO" é abortar as negociações.
Nota: a perversidade é inata ao homem e, por isso, transversal a todas as suas atitudes e comportamentos. O próprio acto de dizer "NÃO" é, em si, perverso. Há algum mal nisso? Claro que há! Se não houvesse, de que serviria dizer "NÃO"?
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Não vale a pena continuarmos esta discussão. Se o fizéssemos, teria que recordar que só existe “não” porque se conhece o “sim”. Porque uma sem a outra seriam entidades inócuas e porque só diz “não” quem concebe a possibilidade de dizer “sim”. E teria que defender ainda que isso é irrelevante porque quem diz sim à revolução, está a dizer não à reacção, o que alivia em muito a, percentualmente reduzia mas ainda assim existente, carga de rebeldia que se atribui ao “não”. Mas não vou dizer nada disto, já que não é suficientemente motivador. Afinal, o mundo simplista do “sim” e do “não” é demasiado entediante.
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Suponho que sim. Que se lixe...
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Não estarás tu a dizer "sim", ao "não"? Isso faz de ti um viajante com muita bagagem em apenas uma mala?