Para quem não sabe, anda distraído ou, simplesmente, não quer saber – posição que conta com a minha total compreensão – celebra-se hoje mais um aniversário sobre o assassinato do Rei D. Carlos de Portugal e do príncipe herdeiro, Luís Filipe. Foi há, precisamente, 98 anos – a 1 de Fevereiro de 1908 – que Alfredo Costa e Manuel Buíça deram o seu importante contributo para livrar o país dessa corja de parasitas que era a Realeza. A Família Real regressava de um retiro prolongado em Vila Viçosa, onde tinha ficado umas semanitas a coçar a micose enquanto esperava que o clima de revolução patrocinado por republicanos apoiados pela Maçonaria e pela Carbonária – para quem não sabe, anda distraído ou não quer saber, tratam-se de duas sociedades secretas (e eu nem devia estar a falar disto) – amainasse. Mas o clima não amainou porque na semana anterior, na sequência de um movimento revolucionário republicano conhecido como “golpe do elevador da biblioteca”, João Franco – uma espécie de primeiro-ministro nomeado pelo Rei e não eleito (assim… tipo Santana Lopes) – teve a peregrina ideia – no seguimento de outras ideias peregrinas como a proibição da liberdade de imprensa e a repressão política (assim… tipo Santana Lopes) – de sugerir ao monarca que assinasse um decreto a expatriar todos os envolvidos e futuros acusados de conspiração contra o reino. D. Carlos, que era um tipo culto, mas burro como uma porta no que toca a tacto político – e no caso em apreço esta característica seria fundamental na medida em que os envolvidos no golpe de 28 de Janeiro eram uns tipos importantes e com muita influência no país (assim… tipo Marcelo Rebelo de Sousa, Miguel Sousa Tavares e, passe a comparação, uma espécie de Major Valentim que nunca largava a carabina) –, assinou o papel e… fodeu-se! Quando chegou a Lisboa, esperavam-no, entre uma multidão paga para ali estar, Manuel Buiça e Alfredo Costa, republicanos da Carbonária – uma espécie de Hammas português do início do século XX – que lhe espetaram dois tiros nos soberanos cornos. Não há imagens televisivas, mas é só imaginar o assassinato do JF Kennedy e substituir a viatura por um coche, também, descapotável. Junto com o anafado rei, morreu também o filho mais velho. E sobrou apenas o Manelito, que era cadete da Marinha, para tentar arrumar uma casa que toda a gente queria remobilar. Foi o princípio do fim da Monarquia que, para quem não sabe, anda distraído ou não quer saber, era um sistema político em descrédito porque, vá-se lá saber como, já naquela altura havia quem pensasse que não seria muito justo uma pessoa governar um país só por ser filho da pessoa que o havia governado antes. Paneleirices burguesas… Ora bem… contei-vos isto tudo – de forma resumida, obviamente – porquê? Porque considero uma profunda injustiça o tratamento que a História deu aos dois autores do crime - que acabaram executados no local pela Guarda Real. Não há, ou há muito poucas, referências às vidas destes dois homens. De Manuel Buíça e Alfredo Costa sabe-se que eram um militar e o outro professor, respectivamente, e pouco mais. Ficaram catalogados nas enciclopédias e nos manuais escolares como os “regicidas”, os “assassinos do rei”, com toda a carga negativa conotada com tais expressões. Foram relegados para um plano secundário, e nem uma referência própria merecem na maioria dos anais. Obviamente não passavam de dois peões manipulados pela Carbonária que, por sua vez, era manipulada pela Maçonaria – empenhada em acabar com o parasitismo da Realeza, que quase faliu o crédito predial, para colocar no poder os seus próprios parasitas, tal como ainda hoje acontece (e provavelmente também não devia estar a falar disto!). Mas, para mim, tenho-os como cidadãos visionários e, no mínimo, patriotas (e não conotem isto com nacionalismo). Mereciam outra consideração. Sei lá… talvez uma estátua no Terreiro do Paço, com os dois republicanos de arma em punho e em posição de disparo com uma inscrição na base a dizer algo do estilo: “A Alfredo Costa e Manuel Buíça: Mártires da causa republicana que livraram o país da anafada tirania monarca.” Mas talvez os nossos governantes não se sintam confortáveis em ter um monumento a recordá-los de que quando o povo se chateia a sério… as merdas acontecem!... |
Pois é, ó transmontano, agora não há reis nem regicidas, mas os nossos governantes continuam também a gostar de coçar a micose e continuam a gostar de se calar na esperança que as merdas amainem... Mas agora com um Presidente quase de estatuto divino elevado à figura de D. Sebastião regressado e quase levado num andor durante a campanha, assim tipo Rei-Sol, as coisas vão piar fininho, tu vais ver... e o Costa e o Buiça, infelizmente, não há maneira de ressuscitarem...