terça-feira, janeiro 24, 2006
Presidente de todos os portugueses o catano!!!
Pois é… tal como o previsto, O Cavaco foi eleito Presidente da República. O que já ninguém previu foi que o Senhor Professor conseguisse tamanho feito com o voto de… apenas metade dos portugueses. Mais concretamente, 50,6 por cento dos eleitores. Isto equivale a dizer que, se toda a população do país tivesse votado, independentemente da idade e arredondando o número, O Cavaco reuniria cerca de 5 milhões e 60 mil apoiantes (5.060.000). Um número encorajador, com certeza. Mas é preciso não esquecer que, 4 milhões e 40 mil (4.040.000) – um número não menos impressionante – não o queriam lá.

Quer isto dizer que, pouco mais de metade da população está satisfeita, e que quase metade da população está a deitar as mãos à cabeça porque não se revê na figura do novo – salvo seja – Presidente. Ora, como órgão não é representativo – ao contrário da Assembleia da República – importa referir que os interesses de mais de quatro milhões de cidadãos não estão representados na Presidência. Por isso, parece-me de mau tom utilizar a expressão “presidente de todos os portugueses”.

É certo que, formalmente, a partir do dia 9 de Março próximo o Senhor Professor passa a representar a totalidade da população do país, apesar de só metade ter votado nele. Mas permitam-me – com a legitimidade que mais 4.039.999 “pseudo-votos” me conferem – que não lhe reconheça a competência para falar por mim. Permitam-me que não me orgulhe da imagem que ele vai dar de mim nas visitas oficiais a um país qualquer. Concedam-me o direito ao desprezo pelos valores que ele representa. Consintam que vomite de cada vez que, na sua voz rouca e tom seminarista, iniciar uma declaração ao país com a incontornável abertura: “Portugueses e portuguesas…”. Deixem-me sentir indignado de cada vez que ele utilizar a palavra Democracia. Permitam-me a memória da Polícia de Choque a espancar cidadãos que protestavam na Ponte 25 de Abril – 25 de Abril… é irónico, não é? – e a dispersar com jactos de água uma manifestação de… outros polícias… em frente à Assembleia da República. Exactamente no mesmo local onde, alguns meses depois, voltaria a ser chamada para carregar sobre estudantes menores que protestavam contra a PGA (Prova Geral de Acesso ao Ensino Superior), o mais injusto e inadequado teste de acesso à universidade. E quando ele lembrar os seus dias de primeiro-ministro, e dos subsídios que “trouxe” da Europa – como se eles não tivessem vindo de qualquer modo – autorizem-me, por favor, a apontar os campos ao abandono por falta de fiscalização na atribuição dos mesmos e os Mercedes e Jeeps e BMW’s em que os beneficiados gastaram as verbas a “fundo perdido”. E quando ele falar dos quilómetros de estradas construídos entre 87 e 94… rogo-vos, não me impeçam de evocar as muitas centenas de mortos causados pelos erros estruturais no IP4 e no IP5, desenhados não por critérios de engenharia, mas por interesses dos SEUS políticos e dos patrocinadores das SUAS campanhas.

Se vocês, os que votaram nele, me concederem isto, então, conseguirei suportar os próximos cinco anos sem me sentir assim… tão diminuído na minha qualidade de português!

posted by Raimundo @ terça-feira, janeiro 24, 2006  
8 Obscenidades evitáveis:
  • At 24 janeiro, 2006 02:15, Anonymous Anónimo said…

    Como acontece em qualquer votação... Umas vezes ganha-se outras perde-se... Eu tambem não me revejo no primeiro ministro Portugues, mas a vida é mesmo assim! E errar, todos erram... Quem dera a Portugal, pessoas cujos erros não prejudicassem ao ponto que outros governos o fizeram! Em vez de condenar, a atitude deveria ser mais pra-activa... Que ficando nos bastidores é sempre mais fácil do que relamente não se conhece!

     
  • At 24 janeiro, 2006 03:46, Blogger Raimundo said…

    A questão aqui, caro anónimo, é que não há vencedores nem vencidos. Há um que ganha, uns que pensam que também ganharam, e outros que acham que perderam. Na verdade o único com razões para estar satisfeito é mesmo o que conseguiu ser eleito, porque foi o que melhor manipulou as massas. E é de manipulação que falamos quando o assunto é uma campanha eleitoral.

    A minha profissão "obriga-me" a seguir estes processos com bastante atenção. E tal como nas duas anteriores, o período de campanha para estas eleições foi uma vergonha: Os candidatos não se mostraram muito preocupados em tentar convencer o eleitorado das suas virtudes e dos seus valores. A prioridade foi apontar defeitos aos restantes candidatos!

    Eu não fiquei esclarecido. E, não fosse uma pessoa minimamente instruída, teria ficado ainda mais confuso. Não fosse uma pessoa minimamente ponderada, teria alinhado com a mole humana irracional que agita bandeiras de uma cor qualquer e canta "já ganhamos! Já ganhamos" em berros ululantes de olhos esgazeados.

    E quanto aos erros, caro anónimo, é certo que toda a gente está sujeita a cometê-los... mas depois é preciso pagar por eles! E aí... nem toda a gente está sujeita a castigo, como o demonstra esta eleição!

    Finalmente, no que toca aos bastidores e ao que realmente se conhece ou deixa de conhecer... qualquer dia deixo aqui um texto sobre as profícuas discussões nas sedes dos vários partidos. Sobretudo das juventudes partidárias. E, caro anónimo, depois de ter andado por estes bastidores deixe-me que lhe diga... eu fico com medo quando penso que alguma desta gente vai um dia ocupar um cargo de poder!

     
  • At 24 janeiro, 2006 14:20, Anonymous Anónimo said…

    A contagem de votos/eleitores está errada. Porque dos eleitores, 30% não votaram, como tal os 50% do cavaco representam apenas (apenas, mas infelizmente o suficiente)35% da população que vota, certo?

    Isso só me faz sentir um pouco melhor e esperançada, pq reduz a quantidade de nulidades que votaram no Senhor Professor Representante de Suas Nulidades, porque tal como tu não me revejo na reresentação que ele vai fazer do povo português.

    Nota: Segundo o CNE, existem 8.830.706 eleitores, dos quais 2.745.491 votaram cavaco, o que dá cerca de 31%.

     
  • At 24 janeiro, 2006 20:49, Blogger Raimundo said…

    Minha cara tininha... eu sei que os números que refiro no meu post não são os exactos. São apenas uma extrapolação das percentagens obtidas aplicadas ao universo de portugueses (cerca de 10 milhões). Como eu próprio referi a certa altura no texto: "Isto equivale a dizer que, se toda a população do país tivesse votado, independentemente da idade e arredondando o número, O Cavaco reuniria cerca de 5 milhões e 60 mil apoiantes (5.060.000)". Talvez eu não me esteja a fazer entender. Mas o que eu quis fazer foi pegar na percentagem de eleitores votantes que depositaram o seu voto n'O Cavaco (50,6 %) e aplicá-la a totalidade da população portuguesa. Eu sei que não é um processo correcto ou sequer fiável... mas para a mensagem que estava a tentar passar o exemplo servia perfeitamente!

     
  • At 25 janeiro, 2006 11:17, Blogger Decisões Criticas said…

    Pois que eu votei Cavaco e sempre votei PSD. Concedo-te várias coisas, de entre elas todas aquelas que pediste, até porque, essa é uma das maravilhas da democracia. Depois de uma eleição podermos manifestar a nossa revolta e indignação pelos resultados. Espero e faço votos para que Cavaco consiga ser um bom representante de Portugal no estrangeiro, mas principalmente dos portugueses. Acredito que vá correr tudo da melhor forma, sabendo no entanto que, os poderes do PR são diminutos e que quem manda no país é o governo, no qual não votei, mas ao qual dou o mérito de tentar alterar o rumo de algumas coisas. O problema é mesmo todos os interesses instalados (lobby) em Portugal, quer sejam gasolineiras, construtores civis ou profissionais liberais (médicos, advogados e etc.)

     
  • At 27 janeiro, 2006 00:49, Anonymous Anónimo said…

    Eu soh tenho uma duvida a remoer na consciencia: se toda a gente k eu conheço votou no Alegre... como eh k o Cavaco ganhou as eleiçoes?...

    Fraude eleitoral?... ou serah k eu soh conheço gente decente?

     
  • At 03 fevereiro, 2006 13:06, Blogger Sílvia said…

    Caro Raimundo,eu também não votei nele e estou tão inconformada quanto você. Prefiro nem pensar nos 10 anos que aí vêm (sim, porque em Portugal, o Presidente da Repúbica tem os dois mandatos garantidos...).

     
  • At 11 fevereiro, 2011 02:08, Blogger Raimundo said…

    E não é, Sílvia, que tinha razão.

     
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