...ganhasse um prémio qualquer, daqueles mais mediáticos que importantes e/ou justos, nunca perderia tempo a agradecer às pessoas que me ajudaram, motivaram, inspiraram, criaram ou conceberam. Acho que o meu discurso seria mais do género: "Gostaria de dedicar este prestigiante prémio, que é, no fundo, o inteligente reconhecimento da minha superioridade sobre todos os outros na actividade a que me dedico, a todos os filhos-da-puta que algum dia me foderam a cabeça, prejudicaram, desmotivaram, atraiçoaram e abandonaram. Possivelmente, sem o ódio que vos tenho não chegaria aqui. Embrulhem seus cabrões! Vós sabeis quem vós sois..."
redescobrir The Downward Spiral às 4 e meia da manhã
4:30 da manhã. após quase oito horas em frente ao computador... uma pausa. doem os olhos. antes de dormir enrola-se o tabaco com haxe numa mortalha pequena da smoking. é automático. os dedos mexem-se sozinhos enquanto os olhos passam uma última revisão ao texto escrito no monitor. e não há maíscula no início das frases. e não faz mal. o charro está pronto. fica pousado ao lado de um copo com três pedras de gelo que nem por isso arrefecem o whisky. escolhe-se um cd da estante. charuto sem banda sonora nem sabe bem. a mão mexe-se na horizontal pela estante e traz uma coisa qualquer. é The Downward Spiral. Nine Inch Nails no seu melhor. Trent Reznor no expoente máximo do seu pessimismo. uhm... que providencial... nem de propósito. play. acende-se a broca depois de um trago de whisky. Mr. Selfdestruct abre as hostilidades como uma ode ao cigarro artesanal que pende dos lábios: "i take you where you wanna go, i give you all you need to know". e não há quem não se deixe afectar. e não há quem não apanhe o combóio da auto-comiseração. e não há quem não se deixe carregar com todos os males que afligem a humanidade. e quando Piggy começa a soar nos auscultadores não há quem não se sinta o mais azarado dos homens. sem nada a perder. e não há quem, num assomo de anti-herói, não murmure de si para si "nothing can stop me now, 'cause i don't care anymore, nothing can stop me now, 'cause i just don't care". e não há quem não se ache a vítima preferida dos desígnios de um deus em que não acredita mas que a todo o custo quer matar para livrar o mundo de todo o mal amén em Heresy. o pintor morre na concavidade do cinzeiro. e depois já se não ouve mais nada. e depois já não interessa mais nada. o resto do disco é a banda sonora adequada a um filme que se imagina ao sabor do álcool e do chamon. um filme com um protagonista solitário. incompreendido. marginalizado. mas ainda assim um protagonista. desinteressado da fama e da história. obcecado. inundado de desejos de vingança. um herói com o qual todos se identificam entre o charro e o whisky das 4:30 da manhã e a dor de cabeça do dia seguinte.
Nome: Raimundo Morada: Algures em algum sítio, bem no meio de..., Portugal Que mais queres tu? Então vê o perfil
Blog aberto a fumadores. E não... não temos as dimensões estipuladas por lei para poder ter um espaço para fumadores. E como estamos num país de chibos, já estou mesmo a ver: um dia destes há uma denúncia anónima e aparecem-me aí uns estupores da ASAE para fechar o tasco!
