terça-feira, maio 29, 2012
O dia em que eu e o Bigodes fomos comprar raclette a Roma, sobrevivemos a um ataque terrorista , salvámos o David Fincher e a Timóteo pilotou um avião a jacto - ou a short story com o título mais longo de sempre
Eu sei que não vão acreditar, mas garanto-vos que foi assim mesmo.

Tudo começou quando, em casa dos Santos, decidimos que queríamos raclette para o jantar. Vai daí pusemo-nos a caminho de Roma. Eu e o Bigodes. Ultrapassa-me a razão por que fomos a Roma comprar raclette, mas aposto que uma ideia tão peregrina deve ter saído da cabeça do Bigodes.

Pelos vistos fomos de avião, porque, de repente, estávamos no aeroporto da capital italiana à procura da saída para nos dirigirmos à loja de queijo raclette mais próxima. E foi nesta altura que encontrámos a Cláudia Timóteo e a Marisa, que andavam nas suas habituais viagens por terras de ultramar. 

O Bigodes acabou por ir sozinho comprar o raclette enquanto eu fiquei a dar conversa às meninas. A cavaqueira não durou muito porque, entretanto, um grupo de terroristas decidiu atacar o aeroporto. Ainda pensámos que fosse o Bigodes a fazer das suas. Mas estávamos enganados. Por entre tiros e explosões e malta a fugir em todas as direcções, o rapaz conseguiu rastejar até ao sítio onde nos esconderamos e trazia consigo um tupperware rectangular com uma tampa cor de laranja cheiinho de queijo raclette.

Estávamos nós a delinear um plano para conseguir chegar a um dos dois aviões estacionados na pista sem sermos avistados quando o raio dos terroristas decidiram fazer explodir ambos os aparelhos. 

Estávamos encurralados, sem meios para sair daquele inferno de chumbo e fogo. Felizmente e providencialmente, apareceu o Nuno Neto que - não lhe perguntei mas presumi - estava no aeroporto de Roma a fazer a inspecção a um avião. Ele sabia onde havia outra aeronave que os terroristas ainda não tinham destruído e que poderia ser o nosso meio de fuga. 

Os cinco conseguimos fugir por entre os destroços do aeroporto até um hangar mais isolado onde se encontrava um avião a jacto particular. Mas quando estávamos a entrar para o pequeno aparelho vimos um grupo de terroristas perseguir e disparar sobre um dos sobreviventes do massacre no aeroporto. Gritámos ao homem para correr na nossa direcção. Aos zigue-zagues para escapar às balas, o tipo, que era nem mais nem menos que o David Fincher, lá conseguiu chegar até à escotilha e entrar já com o avião em movimento. 

Descolámos de imediato e levantámos voo por entre saraivadas de balas disparadas pelas AK 47 dos terroristas. E estávamos tão aliviados por ter escapado que nem achámos muito estranho que a Timóteo estivesse aos comandos, com o Neto sentado no lugar do co-piloto a dar-lhe indicações de como pilotar a aeronave e a acalmá-la: "tás a ir bem... tás a ir bem".

Não sei exactamente onde aterrámos, mas sei que chegámos inteiros e parámos, já em terra, na Rotunda do Rato, em frente à UBI. Mas agora o Bigodes chamava a atenção para outra tragédia: O raclette que comprara em Roma não dava para todos.

E foi então que, da sua mala de couro a tira-colo, o David Fincher retirou um tupperware com uma tampa cor de laranja. Suspirámos todos de alívio por não ter que regressar a Roma, e fomos para casa dos Santos jantar.

Até ao momento não sei se o queijo seria assim tão bom e se valeu a pena ir a Roma e passar por todas aquelas provações para o comprar porque, entretanto... acordei. 

Mas pelo menos comecei - literalmente - o dia a rir-me que nem um perdido ainda com o pijama vestido e a cabeça na almofada.
posted by Raimundo @ terça-feira, maio 29, 2012   1 e, se calhar, talvez até mais labregos passaram os olhos por isto e acharam-se qualificados para dar a opinião que ninguém lhes pediu
quarta-feira, maio 09, 2012
Battleship, ou as minhas duas horas de pasmo
Aconteceu ontem. E o acontecimento merece relevo por poucas, mas notáveis, razões. Em primeiro, e sobretudo, porque já não acontecia - comigo - há muito tempo. Ontem, pela primeira vez, creio que em muitos anos - pelo menos desde o primeiro "Jeepers Creepers" - vi um dos piores filmes jamais produzidos, realizados e representados... até ao fim.

Por norma, quando não gosto de um filme por qualquer razão, mudo de canal; fecho a janela do browser e escolho outro filme; saio a meio da sala de cinema; ou, simplesmente, adormeço.

Ontem não foi um desses dias. Ontem a fita era tão má, tão má, tão má que, a determinado momento, se tornou... interessante.

Eu não sou propriamente fascinado pela mediocridade. Nem creio que haja nela qualquer mérito. Mas quando essa mediocridade atinge níveis abaixo de zero a coisa passa para o domínio da bizarria. E o bizarro é confrangedoramente interessante, cativante... hipnotizante.

E foi com o espírito mesmerizado que, oito minutos apenas depois de me ter instalado no sofá e clicado no botãozinho play no meu site favorito de filmes, eu continuei a ver essa  pérola de vulgaridade, essa ode à frivolidade que dá pelo nome de... 'ta-daaa'... BATTLESHIP.

Vá foda-se!... BATTLESHIP!... Os gaijos até lhe deram um nome imponente. É singelo, simples, pouco presunçoso. Respeitável até. Parece que se trata de uma coisa séria!

Vou ser sincero. A primeira coisa que vi do filme, num teaser, há uns meses atrás, foi um portentoso navio de guerra, o Liam Neeson e a palavra BATTLESHIP! Convenceu-me, admito. Gosto de navios de guerra. Gosto do Liam Neeson. E BATTLESHIP, só assim, sem mais nada, dava-me a entender que vinha aí um épico do género.

Depois vieram os trailers e a coisa começou a desvendar-se: "Afinal parece que há extra-terrestres metidos ao barulho! Porra, lá vão os americanos ter que expulsar a pontapé  e à bastonada a enésima raça de criaturas de outros planetas que nos vêm cá foder o juízo e acabar com o nosso sossego", pensei eu. E pensei bem.  Mas prontos... como até sou adepto da ficção científica, achei que estava preparado para assistir a mais uma versão do triunfo do engenho humano sobre o mais que evidente e avassalador avanço tecnológico da força invasora. Achei mal... Achei tão mal.

A verdade é que nada nos prepara para um BATTLESHIP. Nada!

BATTLESHIP é um hino à falta geral de ideias... e à falta de coerência das poucas que o guionista teve. É o cinema blockbuster elevado ao ridículo. É pornografia de luzes, explosões e frases feitas de cinco palavras. É a prova de que, efectivamente, é possível fazer um filme só com efeitos (não assim tão) especiais e sem um único diálogo com o mínimo de substância. BATTLESHIP é Peter Berg a chamar "coninhas" ao John Woo.


Abençoados sejam, porém, os engenheiros que desenharam as criaturas extra-terrestres. Porque qualquer uma delas é mais expressiva que os actores que deram vida às personagens mais enfadonhas, previsíveis e estúpidas que um filme de acção alguma vez imortalizou. Comparado com estes... Arnold Schwarzenegger merecia um Óscar pelo trabalho em "O Predador".

Mas são os pequenos pormenores que vão tornar BATTLESHIP num filme "de culto". Talvez não pelas melhores razões mas, ainda assim, "de culto". Detalhes que, por um lado, levam o filme a afundar-se abaixo da linha da mediocridade enquanto produção cinematográfica, e, por outro,  revolucionam todos os conceitos do género da ficção-científica tal como o conhecemos  (ou conhecíamos). Mas prometo falar mais sobre este aspecto amanhã ou depois, que o post já vai longo.

Até lá... Ridley Scott? James Cameron? John Carpenter? George Lucas? Steven Spielberg?...  Ponham-se a pau. Há um puto novo a brincar com naves espaciais às "invasões à Terra". Chama-se Peter Berg... e não regula bem dos cornos!
posted by Raimundo @ quarta-feira, maio 09, 2012   5 e, se calhar, talvez até mais labregos passaram os olhos por isto e acharam-se qualificados para dar a opinião que ninguém lhes pediu
 


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