terça-feira, janeiro 31, 2006
Elogio à preguiça
posted by Raimundo @ terça-feira, janeiro 31, 2006   7 e, se calhar, talvez até mais labregos passaram os olhos por isto e acharam-se qualificados para dar a opinião que ninguém lhes pediu
segunda-feira, janeiro 30, 2006
Benfica-Sporting: o dia a seguir ao seguinte
Em quase 30 anos de vida, nunca uma segunda-feira custou tanto a passar. Os sportinguistas apareceram todos no trabalho com cachecóis e bandeiras e capas de jornal de domingo a dizer "Banho de bola" e expuseram a parafernália pelas paredes do escritório e em cima dos computadores. E quem vir isto até pensa que o emblema do Leão já é campeão... e até se esquece que, afinal, a lagartagem vai é em quinto lugar do campeonato.

Pôrra que nunca mais passa o dia!
posted by Raimundo @ segunda-feira, janeiro 30, 2006   3 e, se calhar, talvez até mais labregos passaram os olhos por isto e acharam-se qualificados para dar a opinião que ninguém lhes pediu
domingo, janeiro 29, 2006
Benfica-Sporting: história de uma paragem cerebral
"O Benfica-Sporting de ontem deverá ser repetido", adiantou ao Mundo por Raimundo (MpR) fonte próxima do presidente da Liga de Futebol Profissional. Ao que tudo indica, testes médicos efectuados aos jogadores encarnados por um grupo de para-psicólogos e neuro-cirurgiões concluiram que os atletas sofreram uma paragem cerebral colectiva.

"Este é um caso muito raro", comentou à nossa reportagem Marçal Carrapeta, neurologista responsável pela coordenação dos exames no balneário encarnado. O médico explica ainda que "foi o apito inicial de Pedro Henriques que despoletou uma reacção neurológica no cérebro dos futebolistas". Esta não é uma situação inédita no plantel encarnado. Segundo Carrapeta, já o médio Beto e, ainda que não tão regularmente, o extremo Geovanni, teriam mostrado, em vários jogos anteriores, sintomas de sofrer do mesmo problema. O médico desconfia que o próprio treinador tenha, a espaços, paragens cerebrais. "Quer no momento de escalar o onze titular, quer durante o jogo no momento de fazer substituições", revela. Porém, no caso do técnico, Carrapeta avança uma teoria mais arrojada: "sendo ele holandês, é provável que esteja a pagar o preço de ter abusado de LSD durante a juventude. E as paragens cerebrais poderão não passar de flashback's provocados pelos ácidos".

Em todo o caso, conclui o médico, "os jogadores do Benfica estavam a jogar fisica e psicologicamente diminuídos, pelo que este colectivo de médicos sugeriu a repetição da partida para repôr a verdade desportiva".

O MpR tentou obter um comentário sobre o assunto junto do presidente da Liga, mas o Major, a jantar no Sapo de Penafiel, na companhia de Pinto da Costa e Pinto de Sousa, não conseguia, tal como os seus companheiros de refeição, controlar um preocupante ataque de riso enquanto via a repetição dos dois últimos golos do Sporting e do penalty cometido por Beto!
posted by Raimundo @ domingo, janeiro 29, 2006   3 e, se calhar, talvez até mais labregos passaram os olhos por isto e acharam-se qualificados para dar a opinião que ninguém lhes pediu
sábado, janeiro 28, 2006
Benfica-Sporting: o prognóstico
Até pode haver mais um maremoto na Indonésia. Ou um terramoto no Japão que rebente com a escala de Richter. Ou um novo recorde de vítimas num atentado suicida palestiniano. Ou o Castelo Branco ser chamado a integrar um terceiro reality show da TVI. Não há volta a dar. Hoje é dia de derby e ninguém quer saber de mais nada. Eu não fujo à regra. Até porque voltei a errar na chave do Euromilhões. Este é o jogo pelo qual se espera todos os anos. O Benfica-Sporting!

Este é um daqueles jogos em que não há favoritos. É omelhor jogo da temporada. Uma final da Champions League entre o Real e o Manchester não teria tanta emoção. Hoje é dia de Benfica-Sporting... e todo o país fica em suspenso durante 90 minutos e uns pozinhos.

Há duas tradições neste derby. A primeira reza que ganha a equipa que está em pior momento. E nesse caso a vitória deverá sorrir ao Sporting. A segunda diz que, no fim da época, o saldo pontual será igual para ambos. Ou seja: a equipa que ganha na primeira volta, perde na segunda. Ou então dão-se dois empates. Neste caso, a vitória sorriria ao Benfica. Nos últimos cinco anos - que a minha memória, devido ao consumo regular de drogas, não dá para mais - as duas teorias coexistiram pacificamete. Ganhou sempre a equipa pior classificada e, coincidentemente, a pontuação no final da temporada nos jogos disputados entre si resultou num empate. No ano passado, as duas equipas encontraram-se três vezes (duas para o campeonato e uma para a Taça de Portugal) em encontros que resultaram num empate e em uma vitória para cada lado.

Este ano, porém, uma das tradições irá ser contrariada: o Sporting venceu na primeira volta - e, portanto, deve perder - mas também está está atrás do Benfica - e portanto deve ganhar!

Aceitam-se apostas. Não para o resultado, mas para a tradição que se vai manter. Eu quero acreditar que será a segunda! Mas, se não for, ao menos que o Sporting ganhe com mais um penalti fabricado pelo Liédson na senda do que fizeram os grandes avançados leoninos Silva e Jardel nos últimos anos... que é para a gente poder perguntar aos lagartos na segunda-feira: "Quem é que anda a ser levado ao colo?"
posted by Raimundo @ sábado, janeiro 28, 2006   4 e, se calhar, talvez até mais labregos passaram os olhos por isto e acharam-se qualificados para dar a opinião que ninguém lhes pediu
sexta-feira, janeiro 27, 2006
Mozart - A verdadeira história
Já estou tão farto de ouvir falar de Mozart que, se ele não tivesse morrido, pagava para o matarem. Um tipo levanta-se de manhã com a ideia que este vai ser mais um daqueles fabulosos dias que antecedem um Benfica-Sporting, e depois leva com Mozart durante o dia todo. Ele é na televisão, ele é na rádio, ele é páginas e páginas e cadernos especiais nos jornais. E até o Google alterou o logotipo para assinalar os 250 anos que o músico celebraria se, por acaso, não tivesse morrido.

Pessoalmente acho tudo isto um exagero. Até porque considero que o senhor não era assim tão genial quanto isso. Fantástico fantástico era o Bethoven, que até era surdo como uma porta e não ouvia nada do que compunha. O que só tem comparação com um cego a pintar um quadro renascentista. Agora o Mozart... o que é que ele tem de especial? Só porque escreveu umas musiquitas que nem dão para assobiar? Porque aos 14 anos já era o maestro da ópera de Salzburgo? Bahh! A sorte dele foi ter morrido novo. Foi, assim, uma espécie de James Dean do século XVIII.

A verdade é que Mozart nem era para ser músico. Quando era pequeno queria ser estilista, e os outros meninos na escola ostracizavam-no no recreio por causa dos trejeitos amaricados que tinha. Todos os dias levava tareia e, nas aulas de educação física, era sempre o último a ser escolhido para o jogo de futebol. As raparigas não queriam nada com ele apesar da sua inteligência, e preferiam o bronco do Klaus Müller, que era estúpido como um penedo mas tinha estilo e tocava cravo. O rapaz percebeu, então, que a popularidade era tudo. Fartou-se de ser um excluído e decidiu dedicar o resto da sua vida a ser uma pop star. Não lhe haviam de faltar dinheiro, droga e gaijas. Como o pai era funcionário público de estatuto elevado, dinheiro não faltava ao rapaz, que correu tudo o que era concerto e festival de Verão na Europa. Recolheu influências de vários lados e criou o seu próprio estilo que, por ser novo e irreverente, provocou tanta euforia nos liberais, como ódio nos conservadores... Assim ao estilo dos Sex Pistols nos anos 70. E depois... prontos... morreu não se sabe bem como e terá sido o primeiro a inaugurar a ala do Purgatório onde já estão o citado Dean, o Sid Vicious, o Hendrix, a Joplin, o Cobain e as quatro mamonas assassinas!... Fim da história!

Porra que nunca mais é sábado, para estes gaijos esquecerem o Mozart e passarem a falar dos penaltis inexistentes que o Pedro Henriques vai assinalar contra o Sporting!
posted by Raimundo @ sexta-feira, janeiro 27, 2006   2 e, se calhar, talvez até mais labregos passaram os olhos por isto e acharam-se qualificados para dar a opinião que ninguém lhes pediu
quinta-feira, janeiro 26, 2006
A catarse num insulto
Não há sentimento pior que a falta de resposta a um insulto. Principalmente se isso acontece em público. Não há momento mais frustrante que aquele em que alguém nos achincalha verbalmente sem que consigamos extrair do intelecto uma resposta à altura. Pelo menos, à falta de uma que reflicta a ignomínia de volta à origem, uma que apare o golpe.

É uma situação humilhante a falta de resposta. Sentimo-nos pequeninos. Muito pequeninos. E desejamos um buraco onde nos esconder dos olhares casuais que nos miram com a piedade que merece um moribundo. E, de repente, desejamos o fim do mundo. Mesmo que isso signifique a nossa morte… desde que Deus – ou o Diabo – nos deixe sobreviver um segundo que seja ao diletante provocador. Para que a última gargalhada seja a nossa. Para que possamos admirá-lo com um sorriso levemente diabólico enquanto se contorce em agonia e nos pede ajuda com o olhar.

Não há mais pesado fardo que o brusco acumular de raiva provocado por um vitupério mal encaixado. Nem mais arreliadora sensação que aquela que nos acompanha nos momentos imediatos à incapacidade argumentativa. Durante o resto do dia assalta-nos o pensamento uma quantidade infindável de frases que deveríamos ter dito oportunamente se o cérebro não tivesse parado. Mas as respostas que nos chegam tardiamente, em vez de confortarem, só agudizam a nossa agonia. “Porque é que não lhe respondi assim? Havia de o ter deixado de rastos!”

Ao invés, há poucas coisas tão boas e gratificantes como a pronta resposta. Um contra-ataque tão rápido quanto letal. Uma réplica venenosa carregada de toxinas, não mortais mas paralisantes, que deixem a vítima incapaz de reagir, mas consciente o suficiente para sentir o descrito nos três parágrafos anteriores. Ah… gloriosa catarse!

Vem isto a propósito de uma situação ocorrida há poucas horas enquanto me deslocava, de automóvel, para o emprego. Num cruzamento já perto do local de trabalho, abrandei a velocidade sem parar completamente. Trata-se de uma zona quase exclusivamente pedonal, onde circulam muito poucas viaturas. Como raramente me cruzo com qualquer carro naquela intercepção, nunca paro completamente. Limito-me a abrandar e a espreitar os dois lados da estreita estrada tapada por um edifício alto de cada lado. Ora, enquanto olhava o meu lado esquerdo, fui avançando lentamente com o carro, e só quando virei a cabeça para o meu lado direito me apercebi que tinha impedido a passagem de duas raparigas que queriam atravessar a estrada a pé. Parei o carro imediatamente para lhes dar passagem. Ora, não sei se pelo incómodo de ter que dar mais dois passos para contornar o meu carro, se por estar com o período, ou se por ser pura e simplesmente uma grande cabra, uma das moças vira-se e atira com um sorrisinho irritantemente sarcástico: “Onde é que compraste a carta?... Numa loja dos 300?”. A rua estava cheia de gente, alguma da qual eu conheço pessoalmente. E os olhares que me deitavam, embora sem qualquer tipo de maldade, atravessaram-me tão dolorosamente como o risinho de escárnio da amiga silenciosa.

Oh calamidade!… o que ela se lembrou de dizer. Esta é a pior insinuação que se pode fazer a um homem latino. Macho ou não. “Onde é que comprei a Carta?... Olha-me esta vaca!...” Ela não vai ficar sem resposta. Baixo imediatamente o vidro e disparo, assim, à queima-roupa: “A Carta saiu-me numa rifa que comprei na Feira Popular. Mesmo ao lado da Casa dos Horrores, onde tu compráste essa puta dessa cara feia!”.

O sorriso escarninho da amiga transforma-se num esgar de indignação. Até porque a miúda em causa é mesmo a atirar para o desengraçado. E os olhares voltam-se agora para ela. E aposto que na sua mente está a fazer pactos com Deus e com o Diabo. Mas o mundo não acaba e eu não me contorço em agonia. E de repente dá por si a pensar que se ao menos houvesse um buraco…

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quarta-feira, janeiro 25, 2006
Ele há coisas destas…

Ontem estava a ver um documentário do Canal História e lembrei-me de um grande assunto para comentar neste antro. Infelizmente, a seguir, fiz um zapping… e passei, inadvertidamente, pela TVI. Hora morangos com açúcar. Estupidifiquei!

Hoje há apenas um grande buraco na minha memória.

posted by Raimundo @ quarta-feira, janeiro 25, 2006   5 e, se calhar, talvez até mais labregos passaram os olhos por isto e acharam-se qualificados para dar a opinião que ninguém lhes pediu
terça-feira, janeiro 24, 2006
Presidente de todos os portugueses o catano!!!
Pois é… tal como o previsto, O Cavaco foi eleito Presidente da República. O que já ninguém previu foi que o Senhor Professor conseguisse tamanho feito com o voto de… apenas metade dos portugueses. Mais concretamente, 50,6 por cento dos eleitores. Isto equivale a dizer que, se toda a população do país tivesse votado, independentemente da idade e arredondando o número, O Cavaco reuniria cerca de 5 milhões e 60 mil apoiantes (5.060.000). Um número encorajador, com certeza. Mas é preciso não esquecer que, 4 milhões e 40 mil (4.040.000) – um número não menos impressionante – não o queriam lá.

Quer isto dizer que, pouco mais de metade da população está satisfeita, e que quase metade da população está a deitar as mãos à cabeça porque não se revê na figura do novo – salvo seja – Presidente. Ora, como órgão não é representativo – ao contrário da Assembleia da República – importa referir que os interesses de mais de quatro milhões de cidadãos não estão representados na Presidência. Por isso, parece-me de mau tom utilizar a expressão “presidente de todos os portugueses”.

É certo que, formalmente, a partir do dia 9 de Março próximo o Senhor Professor passa a representar a totalidade da população do país, apesar de só metade ter votado nele. Mas permitam-me – com a legitimidade que mais 4.039.999 “pseudo-votos” me conferem – que não lhe reconheça a competência para falar por mim. Permitam-me que não me orgulhe da imagem que ele vai dar de mim nas visitas oficiais a um país qualquer. Concedam-me o direito ao desprezo pelos valores que ele representa. Consintam que vomite de cada vez que, na sua voz rouca e tom seminarista, iniciar uma declaração ao país com a incontornável abertura: “Portugueses e portuguesas…”. Deixem-me sentir indignado de cada vez que ele utilizar a palavra Democracia. Permitam-me a memória da Polícia de Choque a espancar cidadãos que protestavam na Ponte 25 de Abril – 25 de Abril… é irónico, não é? – e a dispersar com jactos de água uma manifestação de… outros polícias… em frente à Assembleia da República. Exactamente no mesmo local onde, alguns meses depois, voltaria a ser chamada para carregar sobre estudantes menores que protestavam contra a PGA (Prova Geral de Acesso ao Ensino Superior), o mais injusto e inadequado teste de acesso à universidade. E quando ele lembrar os seus dias de primeiro-ministro, e dos subsídios que “trouxe” da Europa – como se eles não tivessem vindo de qualquer modo – autorizem-me, por favor, a apontar os campos ao abandono por falta de fiscalização na atribuição dos mesmos e os Mercedes e Jeeps e BMW’s em que os beneficiados gastaram as verbas a “fundo perdido”. E quando ele falar dos quilómetros de estradas construídos entre 87 e 94… rogo-vos, não me impeçam de evocar as muitas centenas de mortos causados pelos erros estruturais no IP4 e no IP5, desenhados não por critérios de engenharia, mas por interesses dos SEUS políticos e dos patrocinadores das SUAS campanhas.

Se vocês, os que votaram nele, me concederem isto, então, conseguirei suportar os próximos cinco anos sem me sentir assim… tão diminuído na minha qualidade de português!

posted by Raimundo @ terça-feira, janeiro 24, 2006   8 e, se calhar, talvez até mais labregos passaram os olhos por isto e acharam-se qualificados para dar a opinião que ninguém lhes pediu
domingo, janeiro 22, 2006
Domingo de eleições

Domingo de eleições. Só o Carnaval me deixa mais mal-humorado. Não há futebol, a TV altera a programação e, ao final da noite, um grupo de bêbados e/ou desocupados lembra-se de pegar no carro e correr as ruas a apitar desenfreadamente. É um panorama terceiro-mundista.

À hora que escrevo estas linhas ainda nem sequer abriram as mesas de voto, mas já estou a imaginar o que vai ser à noite: centenas de carros a empastelar o trânsito com criancinhas com o tronco de fora das janelas a agitar bandeirinhas e a gritar euforicamente como se a sua equipa acabasse de ganhar o campeonato. Carrinhas de caixa aberta carregando uma dezena de labregos a entoar cânticos de vitória. E todos a apitar e a gaitar para quem passa na rua e para quem está descansadinho em casa a ver um DVD porque todas as televisões ainda estão a transmitir sondagens de última hora, comentários de analistas demasiado inteligentes para serem políticos, e graficozinhos coloridos com o mapa do país a explicar quem ganhou e onde.

O mais triste disto tudo é que esses otários que andam por aí a buzinar acham que venceram alguma coisa. Ingénuos e ignorantes. Quem ganhou foi ele… o eleito… seja ele quem for. Ganhou um emprego muito bem pago, com direito a casa, carro, comida e roupa lavada para os próximos cinco anos. E, porém, estas bestas buzinantes estão felicíssimas da vida. Como se lhes tivessem saído quatro números e duas estrelas no Euromilhões de sexta-feira.

Como expliquei ontem, a maioria das pessoas não vota por uma política… vota por um político. Não vota nos valores em que acredita… vota por um emblema que tem adversários. Não vota para os próximos cinco anos… vota para as cinco horas à noite em que vai andar pelas ruas da cidade a buzinar. E não buzina para saudar o vencedor… buzina para humilhar os derrotados…

Tão felizes que elas andam, e nem se dão conta que é o mesmo filme de sempre. Daqui a uns meses já estão a falar mal do homem e das péssimas decisões que tomou. E dos interesses suspeitos com que está comprometido. E dos empregos que arranjou… para os filhos dos amigos. Foi assim nas últimas, e nas anteriores. Foi sempre assim. Mas ninguém parece lembrar-se disso. E o mais preocupante é que ninguém se quer lembrar.

Ignorância é mesmo Felicidade. E cada um tem direito a lutar pela sua… nem que para isso abdique voluntariamente da memória do passado recente!


Nem sequer os odeio... Só sinto pena!

posted by Raimundo @ domingo, janeiro 22, 2006   2 e, se calhar, talvez até mais labregos passaram os olhos por isto e acharam-se qualificados para dar a opinião que ninguém lhes pediu
sexta-feira, janeiro 20, 2006
Presidenciais? Não contem comigo para essa fantochada!

Recebi ao longo da última semana alguns pedidos para escrever qualquer coisa sobre as eleições presidenciais do próximo domingo. Que já tinha feito d'O Cavaco e que devia fazer também dos outros. Porque assim dava a impressão que só o dito se candidatava e que ainda há mais quatro candidatos que mereciam o mesmo destaque.

Ora bem. Convém esclarecer aqui umas coisinhas. Em primeiro lugar, o orgulho – que o meu psiquiatra teimava em apelidar de arrogância e complexo de superioridade antes de, tragicamente, se ter suicidado com 28 facadas nas costas enquanto dormia – impede-me de aceitar sugestões. Em segundo lugar, como escrevi algures num post anterior, eu não poderia ser mais indiferente em relação às eleições que se aproximam... Ou às futuras... Ou às anteriores.

Não se tome esta minha posição como uma ausência de consciência política. É, aliás, a minha consciência política que promove o desprezo que sinto, não pelo acto eleitoral em si, mas pela democracia, tal como a interpretamos, e pelos vícios que ela proporciona. Não me interpretem mal. Eu acredito num sistema representativo dos vários interesses da população: um líder eleito por maioria, e vários representantes (deputados) dos interesses minoritários. O que eu não acredito é que os interesses da maioria da população estejam, tenham sido, ou venham a ser bem representados. Isto porque, a maioria da população portuguesa não está, nunca esteve, nem há perspectivas de vir a estar preparada para esta responsabilidade.

Deixem ver se vos consigo explicar isto melhor. Perguntem a vocês mesmos quem é que vai eleger o próximo Presidente da República, o próximo primeiro-ministro, o próximo presidente de câmara ou de junta de freguesia. Quem é a maioria? Esta é a pergunta fulcral: Quem é a maioria em Portugal?

Deixem-me ajudar-vos. A maioria em Portugal não tem mais que a escolaridade obrigatória. A maioria em Portugal vê tele-novelas da TVI, o Big Brother, a Quinta das Celebridades e a 1ª Companhia. Adora os Malucos do Riso. A maioria em Portugal não lê livros, nem jornais, nem vê documentários, mas arranja tempo para “devorar” avidamente a Caras e a Nova Gente e a Maria e a Lux. A maioria em Portugal não sabe o ano da formação do País, nem se importa que o seu fundador tenha sido um cabrãozinho de merda com a mania das grandezas que bateu na própria mãe e traiu os amigos mais leais. A maioria em Portugal considera que os Descobrimentos foram um período dourado da nossa história, e não sabe, nem quer saber, que para trazer as riquezas do ultramar os seus antepassados roubaram, estropiaram e massacraram milhões de pessoas, aniquilado culturas. Nem se perguntam, sequer, para onde foi todo o dinheiro que renderam as expedições. A maioria em Portugal acha que Luís de Camões morreu algures na década de 80 século passado. Ouviu falar em José Saramago e acha que deve ser um escritor, mas não sabe o nome de uma obra sua. A maioria em Portugal acha que a Madeira é uma ilha do Arquipélago dos Açores. A maioria em Portugal conduz acima do limite de velocidade e com mais álcool no sangue do que o permitido. A maioria deve dinheiro ao banco e não sabe fazer a gestão do orçamento familiar porque chumbou a matemática. A maioria em Portugal não separa o lixo, cospe para o chão, fuma em recintos fechados, não desliga os dois telemóveis no cinema, estaciona em segunda fila. A maioria em Portugal é de três clubes de futebol, e acha que a sua equipa é sempre roubada, ainda que vença por 7-0. Aliás… a maioria em Portugal olha para as eleições como se de um jogo de futebol se tratasse. Não votam nas políticas ou na pessoa que pensam ser mais competente. Votam numa cor e esperam que o seu representante seja, apenas, mais competente que o anterior do outro partido. Tal nunca sucede e, então, nas próximas eleições, a maioria em Portugal vota no adversário, não pelo seu programa ou por aparentar mais confiança que o anterior, mas só e apenas por vingança.

Resumindo. A maioria em Portugal padece de ignorância e nem se apercebe que essa mesma ignorância é patrocinada pelos próprios políticos que elege. É um círculo vicioso. Os políticos habituais aproveitam-se dessa ignorância, que radica numa educação deficiente e evolui para uma falta de expectativas, para se sucederem no poder, mantendo o povo ignorante e limitando a sua ambição através de um sistema educativo que não ofereça demasiadas perspectivas, pontos-de-vista ou oportunidades para pensar de forma diferente. E basta ver o que sucedeu na Educação depois do 25 de Abril e quantos partidos políticos já ocuparam as cadeiras do poder.

Na verdade, PS ou PSD, Cavaco ou Soares, esquerda-centro ou centro-direita, é tudo, exactamente, a mesma coisa, apenas a embalagem muda. É como tentar distinguir a Coca-Cola de garrafa de vidro da de lata de alumínio. O produto é o mesmo, mas há pessoal que jura que uma é melhor que a outra.

A Maioria em Portugal não é esclarecida. Sofre de desconhecimento de causa profundo e, portanto, não é competente para decidir o que é melhor para o seu próprio futuro. Mas é a esta maioria que as campanhas, com todo o seu marketing de autocolantes e isqueiros e aventais de plástico, se destinam. De tal modo que os verdadeiros problemas, levantados pelas minorias que pensam pela própria cabeça, nem sequer são aflorados nos comícios pré-eleitorais.

Eu não vejo justiça nem honestidade num sistema assim. E recuso-me a fazer parte desta fantochada.



posted by Raimundo @ sexta-feira, janeiro 20, 2006   2 e, se calhar, talvez até mais labregos passaram os olhos por isto e acharam-se qualificados para dar a opinião que ninguém lhes pediu
quinta-feira, janeiro 19, 2006
As minhas bolas continuam penduradas

Ainda continuam penduradas. Estes dias todos e só agora me dei conta. Ainda estão penduradas. As minhas bolas. Ali abandonadas e negligenciadas há mais de duas semanas. Quase 15 dias sem reparar nas bolas. E elas ali. Ao pendurão. Todas elas. As minhas 47 bolas.

Já devia ter desmontado o presépio. Mas ainda não tive… pachorra. Uma das coisas mais chatas do ano é ter que desmanchar o presépio. E todos os arranjos e eteceteras. E então, acho que, inconscientemente, fui adiando a tarefa. Há pouco precisei usar o scanner e é que reparei. Mesmo em cima do aparelho um arranjo composto por duas largas velas verde e vermelha contornadas por uma fita de tiras brilhantes da mesma cor e ornamentada com duas bolinhas douradas impedia-me de abrir a tampa.

A princípio estranhei. Depois pensei de mim para comigo: “espera lá… isto é um arranjo de Natal. O que raio está a fazer esta cena em cima do scanner? Queres ver que eu ainda não arrumei o presépio e os enfeites!”. E à medida que levanto lentamente a cabeça constato com horror a terrível realidade à qual tinha conseguido escapar nas duas últimas semanas.

O pinheiro de plástico continua em cima da secretária, no habitual sítio da impressora, todo enfeitado com neve de spray, bolinhas douradas e vermelhas e um boneco de neve em miniatura em cima de uns esquis. Ao lado mantêm-se as figurinhas de barro com o Jesus e o José e a Maria e o Burro – a vaca não sei onde se meteu. As fitas cintilantes continuam presas nos varões das janelas e nas estantes e na moldura com o mapa da Europa. E no parapeito da janela continuam as velinhas em forma de estrela e de árvore e de boneco de neve e de um meio Pai Natal.

E é um ambiente estranho. De repente o meu pequeno escritório parece uma daquelas velhas e decadentes actrizes de teatro que vestem um vestido espampanante dos anos 60 e se lambuzam de pó de arroz e batom escarlate. Que não se dão conta da própria figura patética e se recusam a assumir que o seu tempo já passou.

O tempo do meu presépio também já passou. Mas por mais decadente e patético que o meu escritório pareça, vai continuar assim. Hoje não tenho pachorra para o arrumar. E amanhã também não me parece que vá ter. E a bem dizer… por mim até lá pode ficar tudo até ao próximo Natal. Talvez quando voltar a precisar de ligar a impressora finalmente desmonte tudo. Mas vai daí… e hoje preferi não usar o scanner.

posted by Raimundo @ quinta-feira, janeiro 19, 2006   0 e, se calhar, talvez até mais labregos passaram os olhos por isto e acharam-se qualificados para dar a opinião que ninguém lhes pediu
terça-feira, janeiro 17, 2006
Raimundo em obras
Como provavelmente terão reparado, este cantinho da aldeia global sofreu algumas alterações desde a vossa última visita – e para os que aqui estão pela primeira vez… é verdade, este blog nem sempre teve esta aparência.

Tal mudança deve-se única e exclusivamente à vaidade do seu autor, que apesar de se estar a marimbar para tudo e para todos, incluindo vocês, tem um bocadinho de brio – não muito, é verdade – naquilo que faz com gosto.

Devo ainda acrescentar que esta não é a versão final. Ainda há muitas arestas a limar até atingir o resultado que pretendo. Mas a programação não é o meu forte, e estas coisas levam o seu tempo. E tempo, tal como dinheiro, um iPod e um Maserati Coupé, é coisa que não arranjo com muita facilidade.

Portanto, fiel visitante do Mundo do Raimundo, não estranhe as mudanças, as obras e as bricolages nos próximos dias. Em princípio, conto ter tudo terminado no prazo de uma semanita, pelo que não terei disponibilidade para, durante esse período, destilar o habitual veneno todos os dias.

Também prevejo que a maioria de vocês considere a caveira no topo como um toque rebuscado e de mau gosto. Eu não poderia estar mais de acordo. Mas porra… eu curto mesmo a bicha. É mais ou menos como aquele cão rafeiro sem estilo nenhum, burro que nem uma pedra, que todos nós um dia tivemos em algum período da nossa infância e sem o qual não conseguíamos viver porque o animal era, simplesmente, adorável. ...Uhm...Ok... Talvez a tire!

Quero ainda acrescentar que as sugestões feitas no post anterior, via e-mail e outros meios vão ser levadas em consideração… não, como será evidente, porque a vossa opinião me interesse minimamente, mas porque eu próprio já tinha chegado às mesmas conclusões. De qualquer modo, se tiverem mais observações óbvias a fazer… eu não vos posso impedir!
posted by Raimundo @ terça-feira, janeiro 17, 2006   4 e, se calhar, talvez até mais labregos passaram os olhos por isto e acharam-se qualificados para dar a opinião que ninguém lhes pediu
domingo, janeiro 15, 2006
Ne me quittes pas (blague privée)

Il y a pas de spectacle. Il y a pas des spectateurs. Il y a pas du théâtre. Mais il est toujours là. L’acteur. Il ne ressemble personne. Il ne rappelle rien. Rien q’un autre. Mais il est là et ça fait toute la différence entre une nuit spécial et une autre… comme les autres.

«Ne me quittes pas!» Il dit. Mais il ne veut rien dire. Et pour nous, pour les pas-spectateurs, ça ne-veut dire exactement la même chose. Et on parle. Et on s’enivre. Et on rie aux éclats au tour de l’âtre à cause de nulle chose. Comme si la nuit n’est ce q’une autre… comme les autres.

Et on profit des maladies du monde. Comme des vermines sur la viande putrescent. Encore un whisky. Encore en vermouth. Encore une gaillardise. Et les dames s’obstinent en absorber un dégoûtant boisson vert avec du jus d’orange. Comme si la conversation n’est ce qu’une autre… comme les autres.

On se laisse tomber sur le canapé. Comme s’il n’était pas la. L’acteur. Avec ses mots si banales qu’on l’avaient oublié. Avec ses pensées si incorruptibles qu’on l’avaient prendre comme assurées. Comme dans une quelqu’autre nuit. Comme celle n’était pas différent.

Et on souhaite le spectacle. Mais il y a pas. Et on attend le théâtre. Mais il viendra pas. Et l’acteur fait ses adieux. Il part. Sans théâtre. Sans spectacle. Sans applaudissements. Mais on n’avait jamais l’envie de prier à quelqu’un, comme ce moment la, «Ne me quittes pas!». Comme s’il n’était pas un autre… comme les autres.

L’acteur s’en va. Le spectacle, enfin, commence!



Merci R.

posted by Raimundo @ domingo, janeiro 15, 2006   5 e, se calhar, talvez até mais labregos passaram os olhos por isto e acharam-se qualificados para dar a opinião que ninguém lhes pediu
sexta-feira, janeiro 13, 2006
Uma sexta-feira especial
Hoje é uma sexta-feira especial para eles. Algures. Ela vai sair do trabalho. Ele espera-a do outro lado da rua. Ela veste uns jeans e uma camisola de lã cor-de-rosa. Ele tem um fato de bombazina castanho escuro e usa óculos. Ela não o vê. Ele só a vê a ela.

Ela pára, tira algo da mala, acena adeus aos colegas. “Bom fim-de-semana”. Ele acena-lhe timidamente do outro lado da rua. Ela não o vê. Ele só a vê a ela.

Ela desce a rua em direcção ao Metro. Ele vai atrás dela. Atravessa a estrada e caminha uns dez metros atrás dela. Passa os torniquetes e desce as escadas sempre atrás dela. E ela não o vê. E ele só a vê a ela.

Ela entra no vagão. Ele entra depois dela. E a montanha de gente empurra-o para ela. Ele fica mesmo ao lado dela. Cheira-lhe o perfume que colocou no pescoço antes de sair do escritório. E com as costas dos dedos afaga-lhe discretamente o cabelo dourado da nuca. E ela não o vê. Nem quando saem cinco estações depois. E ele só a vê a ela. E à camisola que brilha cada vez menos à medida em que a noite rouba a luz ao seu rosa.

Atravessam o parque e ela mora no próximo quarteirão. Ele sabe onde e por isso não tem pressa. Deixa-a ir na frente, chegar primeiro, preparar o ambiente. Hoje é um dia especial para eles. Ele chegará depois. E entrará. E ela vai ficar surpreendida. E ele dançará com ela. E beberão vinho tinto de balões de cristal. E farão amor. Mas antes vai ficar cá fora. Vai admirar a felicidade dela da escuridão da rua. E ela não o vai ver. Mas ele vai vê-la a ela.

E depois vai entrar. Devagarinho. E ela não vai dar conta. Ele caminha no corredor escuro. Ela está à entrada do quarto. Acabou de tomar banho. Está de costas. E ele abraça-a. Ela principia um gritinho de surpresa. Mas ele põe-lhe um pano perfumado sobre a boca. E ela já não grita e não o vê. E ele só a vê a ela.

Ela vai acordar com dor de cabeça, uma venda nos olhos e um trapo na boca. Vai estar semi-nua. Amarrada ao vão das escadas que dão para o segundo piso da casa. Ele vai estar à frente dela. E vai dizer-lhe o quanto a ama. E ela vai chorar. E ele também. E ele faz-lhe promessas. Ele vai sentir o medo dela. Ele diz-lhe para não ter medo. Diz-lhe que não deixa que nada de mal lhe aconteça. Que ela nunca o viu mas que ele só a via a ela.

Amanhã. Ela vai continuar amarrada pelos pulsos ao vão das escadas. E a corda é a única coisa que segura o seu tronco erecto. Está sentada no chão húmido e vermelho. E vários homens de uniforme espalhados pela sala tiram fotografias e assentam palavras em pequenos blocos. Falam em violação e homicídio. Falam em tortura. Perguntam se se escreve degolamento ou degolação. E ela está fria. E ele não está ali. Ele está em outro sítio a sorrir. A pensar que agora as coisas são como deviam ser: Ela vê-o. Ele não tem que a ver a ela.

Tenham uma especialmente boa Sexta-Feira... 13.

posted by Raimundo @ sexta-feira, janeiro 13, 2006   6 e, se calhar, talvez até mais labregos passaram os olhos por isto e acharam-se qualificados para dar a opinião que ninguém lhes pediu
quinta-feira, janeiro 12, 2006
Raimundo esclarece

No seguimento do artigo neste Blog postado há dois dias (10-1-2006) sob a titulação "Eu?... Obviamente, Cavaco!", o autor do escrito foi contactado por alguém que se intitulava Pessoa Muito Chegada à Secretária do Chefe de Campanha do Senhor Professor com vista a desmentir certos factos apresentados como verdadeiros no já referenciado artigo.

Diz a Pessoa Muito Chegada à Secretária do Chefe de Campanha do Senhor Professor que "não senhor", que "O Cavaco não é nada disso", que até "é um tipo mais fixe que o Soares", que até "há velhotes no Sátão que tem altares erigidos ao Senhor Professor, e fotografias d'O Cavaco penduradas na sala ao lado da de João Paulo II". Que é uma "vilanagem" o que eu fiz ao "nome de tão eminente pessoa". E que eu hei-de "arder no Inferno por alvitrar tamanhas blasfémias".

Em face a isto tenho duas coisas apenas a dizer:

Em primeiro, que, tal como suspeitava, os seguidores d'O Cavaco - os cavaquinhos, portanto - não têm sentido de humor. Ou melhor… percebem a piada, mas não lhe acham graça.

Em segundo lugar, cara Pessoa Muito Chegada à Secretária do Chefe de Campanha do Senhor Professor, o Raimundo nem sequer vota. Porque despreza a democracia. Ou qualquer tipo de organização social, para o caso. Porque o Raimundo não quer saber. Porque não se interessa. Porque não se preocupa. E porque, acima de tudo, odeia pessoas que fingem preocupar-se.

O Raimundo também não costuma falar de si próprio na terceira pessoa. Porque não é jogador de futebol. E só abriu aqui uma excepção por ser uma figura de estilo que ajuda a reforçar a ideia que se quer transmitir quando a comunicação é feita com seres intelectualmente inferiores e/ou sem sentido de humor.

Passem não muito bem.

posted by Raimundo @ quinta-feira, janeiro 12, 2006   1 e, se calhar, talvez até mais labregos passaram os olhos por isto e acharam-se qualificados para dar a opinião que ninguém lhes pediu
quarta-feira, janeiro 11, 2006
A rapariguinha do shopping
“Oiça lá…” - virei-me eu para a estúpida da empregada do balcão, “…faça favor de encher o meu copo até ao traço!”. Já era a segunda vez que aquilo acontecia na mesma noite. Uma hora antes, na pizzaria do shopping, venderam-me duas fatias e um copo de 40 centilitros de Coca-Cola que vinha uns bons 10 centilitros mais pobre. Agora, no intervalo do cinema, fui ao balcão e pedi outra cola, desta vez de 80 cl. E acontece a mesma coisa. O líquido está uns bons cinco centímetros abaixo do tracinho branco que indica, exactamente, os 80 cl. O que se passa é que eu peço sempre o refrigerante sem gelo. E como as maquinetas dos ditos doseiam o líquido a contar com uma boa dose do gelo no copo a medida fica sempre aquém do anunciado. Eu sei que a culpa não é dos empregados, mas um homem tem que traçar o limite algures.

“Oiça lá… faça o favor de encher o copo até ao traço!”

“Mas tem a medida toda da máquina…”, responde-me com o ar mais natural do mundo… com as duas mãos em cima do balcão e a olhar por cima do meu ombro para o cliente imediatamente atrás de mim, como a despachar-me rapidamente. "Próximo", grita do alto da arrogância a que pensa poder dar-se ao luxo.

Não, não… eu ainda não acabei!

“Oiça rapariga… eu não quero saber da medida da máquina! O que eu sei é que pedi uma cola de 80 cl; você cobrou-me 2,80 euros por uma cola de 80 cl; Pôrra… eu tenho um recibo a dizer “refrigerante de 80 cl --- 2,80 euros"; e tenho um copo que não tem mais que 60 centilitros!... Por isso, encha-me o copo se faz favor. Porque se eu quisesse a cola de 60 cl tinha pago apenas 2,4o euros.”

“Pois… não sei… essa é a medida da máquina…a gente carrega num botão e a medida sai certa…” – E faz aquela cara de quem finge que não está a perceber o que a gente lhe está a dizer, na vã esperança que eu, simplesmente, vá embora.

Estou a começar a ficar ligeiramente irritado…e um sorrisinho maquiavélico começa a aflorar ao meu rosto. Só preciso de uma desculpa para soltar todo o meu desprezo sobre aquela funcionária estúpida e gorda que nem para tirar a porcaria de uma cola de uma máquina de refrigerantes tem qualificações.

“Vamos ver se a gente se entende…” – repito-lhe devagar. Tão devagar que não ficam dúvidas que a estou a insultar. “Eu… pedi… uma… cola… de… 80… centilitros!... qualquer pessoa... com o mínimo... de inteligência... olha para este copo... e percebe... que o líquido não está pelos 80 centilitros. Porque tem ali um tracinho a dizer 80 centilitros… está a ver?… e o líquido está aqui em baixo, cinco centímetros mais abaixo… está a ver?... Agora, eu não sei como é que a menina pode solucionar este problema, até porque o meu nível de conhecimentos não compreende os mistérios que esconde a mui nobre profissão de vender coca-cola e pipocas num balcão de cinema, mas sugeria que, sei lá… voltasse a colocar o copo na máquina… e enchesse até à marca…”

Achei que talvez agora o meu pedido fosse atendido. Mas não. A rapariga ainda tentou esboçar outra desculpa qualquer… e a minha paciência esgotou por completo…

“Ouve lá ò gorda de merda!... Eu não sei qual é a dificuldade... Para além de feia como um chibo és estúpida como uma porta. Eu não faço a mínima ideia da utilidade que poderás ter no mundo e, no fim do teu turno, sugeria-te que fosses para casa e afogar-te na banheira… cortar os pulsos… meter a cabeça no forno… sei lá, qualquer coisa, que liberte o resto do mundo da tua triste existência… mas até lá… ENCHE-ME A MERDA DO COPO ANTES QUE EU TE ESPETE COM ELE PELOS CORNOS ABAIXO!!!”. Cheguei com quase cinco minutos de atraso à segunda parte do filme... mas valeu a pena! Aliás... acho que hoje lá vou novamente... e nem vou ver filme nenhum. Limito-me a insultar a rapariguinha do shopping, poupo o dinheiro do bilhete, e o grau de satisfação é o mesmo!

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terça-feira, janeiro 10, 2006
Eu?... Obviamente, Cavaco!
Sim… estou aqui a assinalar a minha intenção de voto. Estava para não o fazer. Por uma questão de ética. Pela minha consciência de opinion maker a quem a isenção é reconhecida e considerada por uma quantidade cada vez maior de conscientes cidadãos. Mas, em vista das últimas revelações tenho que quebrar esse princípio e apelar ao voto n'O Cavaco.

Pois é, meus amigos, colegas, conhecidos ou simples labrego que chegou a esta página sem saber como… acudiu ao meu conhecimento – que me movimento no mais obscuro sector da sociedade – um documento secreto que expõem algumas das medidas pelas quais O Cavaco se vai bater caso seja eleito:

Em primeiro, o slogan da campanha “Portugal Maior” é mesmo para levar a sério. Numa jogada geo-político-económica absolutamente brilhante, O Cavaco quer anexar a Galiza e prolongar o País até ao Canal da Mancha, compensando os espanhóis com a Madeira e Porto Santo. Uma decisão política que, a ser tomada, implicaria, automaticamente, a poupança de quase metade do Orçamento de Estado. O Cavaco vai ainda tentar meter no negócio com os espanhóis a cedência definitiva de Olivença, por troca com o cargueiro encalhado nos Açores. E trocar as Berlengas e os Farilhões e o Ermal por uma das folhas da “ilha-palmeira” do Dubai.

Também no que toca à Terceira Idade o candidato demonstra uma visão fora do comum. O Cavaco quer lançar o Cartão Nacional do Idoso que permite aos portugueses com mais de 65 anos auferir de descontos em bens, para eles essenciais, como o tabaco sem filtro, a banha de porco, a aguardente fina, braseiras artesanais, cobertores eléctricos made in Afganistan, “montanhas russas” em território continental, e uma sessão de strip-tease – com direito a lap dance e tudo – ou um filme porno de seis em seis meses, para aqueles que já chegaram aos 90. Com isto, O Cavaco pretende diminuir em mais de 60 por cento os gastos do Estado com os velhos, e que vai das reformas e pensões, aos medicamentos e à manutenção dos hospitais e centros de saúde, ao mesmo tempo que lhes proporciona um fim-de-vida com dignidade.

No sector do comércio e indústria, O Cavaco prepara nova medida genial: a proibição de venda no País de alimentos macrobióticos, da soja e seus derivados, e de qualquer tipo de refeição que não leve peixe ou carne. Com isto, o brilhante político pretende acabar com os vegetarianos, os vegans e os ovolactovegetarianos. Raça que se encontra, neste momento, em grande expansão e que representa um perigo para a nossa cultura, já que é neste meio que germinam as bactérias responsáveis pela homossexualidade e pelo Bloco de Esquerda e pelos abortos e pelas salas de chuto. Ou seja: com uma jogada de mestre, O Cavaco estimula a criação de gado no Minho e Trás-os-Montes e a pesca na Nazaré e na Póvoa, ao mesmo tempo que anula as bases da existência de uma força política formada por pseudo-intelectuais desocupados.

Por isto, e porque de entre todos os candidatos O Cavaco é, sem sombra de dúvidas, o que mais esforço faz para passar tempo com as peixeiras das nossas feiras e mercados – sem vomitar –, e o que tem a expressão mais “tou-me a cagar p’ra vocês todos”, o meu voto só poderia recair neste brioso cidadão.

Força Ó Cavaco! O Raimundo tá contigo… e com os caçadores de baleias japoneses e com os lenhadores da Amazónia e com os esforçados clubbers de focas-bebé do Ártico!… Força! Todos juntos faremos do mundo um sítio melhor!

posted by Raimundo @ terça-feira, janeiro 10, 2006   2 e, se calhar, talvez até mais labregos passaram os olhos por isto e acharam-se qualificados para dar a opinião que ninguém lhes pediu
segunda-feira, janeiro 09, 2006
Raimundo Profundo
Há dois tipos de agentes de trânsito em Portugal: os que se deixam subornar e os que nem por isso. São ambos igualmente detestáveis.
posted by Raimundo @ segunda-feira, janeiro 09, 2006   0 e, se calhar, talvez até mais labregos passaram os olhos por isto e acharam-se qualificados para dar a opinião que ninguém lhes pediu
sexta-feira, janeiro 06, 2006
Dia de Reis
Desde que me lembro de celebrar o Natal que me recordo de abominar o Dia de Reis. Perdi nas contas do tempo a razão de tal ódio, de modo que o meu sentimento em relação ao dia 6 de Janeiro passou a ser intuitivo. Já nem me lembrava do porquê… só sabia, cá dentro, que o detestava. Hoje dou por mim a pensar nisso novamente, e descubro o motivo da passiva animosidade. E não consigo conter um sorriso de escárnio auto-infligido no preciso momento em que resgato a recordação do baú das memórias.

Já me tinha esquecido. Como foi possível ter-me esquecido? O Dia de Reis marcava, na minha infância, o Fim do Natal. Acabava ali. Fim. Não havia mais rabanadas, nem doces, nem enfeites pela casa, nem luzes a piscar, nem tios e primos a entrar porta dentro com sacas de prendas por abrir e tabletes de chocolate suíço. Nessa noite o meu pai desfazia o presépio e voltava a embalar tudo: as bolas coloridas, as fitas de prata, as pequenas figuras, as 17 ovelhinhas de barro a quem eu tinha dado nomes únicos, o guarda do castelo parecido com o senhor Meireles que fazia a carreira da vila… todos iam para dentro da caixa que ficaria arrumada em cima do armário da sala até ao próximo Natal.

A magia acabava. No dia seguinte teria que voltar à escola, e aos trabalhos de casa, e à palmatória da professora Etelvina, e aos rufias ignorantes que jogavam bem à bola mas não sabiam escrever o próprio nome. O meu pesadelo estava prestes a recomeçar. E tudo porque era Dia de Reis!


– “Porque é que se diz Dia de Reis, mãe?”

– “Porque foi neste dia que os Três Reis Magos chegaram a Belém e entregaram as prendas ao Menino Jesus…”

– “…(suspiro)…”

– “Por que estás triste?”

– “Porque eles só deviam ter chegado em Fevereiro!...”


Desde que me lembro de celebrar o Natal que me recordo de odiar o Dia de Reis. Já nem me lembrava porquê. Simplesmente continuei, através da minha existência, a malquerer a data de forma inconsciente. Hoje lembrei-me da causa. E sorri para mim mesmo ao aperceber-me da sua inocência.

Já não celebro o Natal, pelo menos com a intensidade dos meus 10 anos, nem vou para a escola de manhã. Já não tenho medo de rufias ignorantes nem, tampouco, da palmatória da Dona Etelvina… pobre senhora. Não tenho, portanto, motivo algum para continuar a insistir neste rancor irracional ao Dia de Reis. E devia acabar com isto e encarar o dia com a mesma normalidade que adentro os restantes. Essa seria a decisão correcta a tomar. A única decisão a tomar, aliás!... Mas não o vou fazer! Por respeito à memória da minha própria ingenuidade, vou continuar a odiá-lo! Com todas as forças de que puder dispôr! Como se amanhã fosse inevitável... o recomeço do meu pesadelo!

posted by Raimundo @ sexta-feira, janeiro 06, 2006   4 e, se calhar, talvez até mais labregos passaram os olhos por isto e acharam-se qualificados para dar a opinião que ninguém lhes pediu
quinta-feira, janeiro 05, 2006
Quem ligou pró Adalberto?
Isto hoje não demora muito que eu não tenho tempo…

Escrevo apenas para mostrar a minha solidariedade para com o anónimo que terá, presumivelmente, feito telefonemas a ameaçar de morte o senhor Adalberto, administrador do Hospital de Santa Maria, em Lisboa. Quero apenas deixar o meu apoio absoluto e incondicional a tal pessoa, seja ela quem for! Estou disponível para ajudar em qualquer coisa – menos na matança, que o sangue faz-me impressão – por isso, caso necessite, é só enviar um e-mail!

Quero ainda dizer-lhe que, embora não o conheça, nem saiba se existe, nutro por si a maior admiração. Qualquer pessoa que consegue ameaçar o conforto da vida regalada de um administrador hospitalar neste país deveria ser louvada com honras de herói popular. Exactamente no mesmo altar do Zé do Telhado e da Padeira de Aljubarrota. Alguém que, com uma simples chamada local, consegue desencadear uma reacção ao nível do Governo, merece toda a minha consideração, estima e devoção.

Quero também mostrar o meu repúdio pela perseguição vergonhosa que está a ser movida a este presumível cidadão pela Polícia Judiciária, pela Inspecção-Geral de Saúde e, pasme-se, pelo próprio Ministério. Desde o Escândalo da Casa Pia que não se via um aparato tão grande. É uma verdadeira caça ao homem, com o Ministro da Saúde a encabeçar um pelotão de linchamento cuja missão não é tanto fazer justiça ao sistema de saúde, mas proporcionar ao povo um espectáculo circense que desvie a sua atenção do real problema: NÃO HÁ SISTEMA DE SAÚDE.

Já agora… não acham bizarro o senhor Ministro andar muito preocupado com a saúde de um tipo, que até é médico e tudo, e estar-se a marimbar completamente para a saúde das trinta e tal vilas e aldeias a quem se prepara para “roubar” o Centro Médico, por critérios que só ele considera válidos? E não vos revolta ele estar a mobilizar recursos pagos por todos nós para proteger um indivíduo – que ganha mais de 20 ordenados mínimos por mês – de algo que pode não passar de uma brincadeira de mau gosto? E para acabar… não querem todos telefonar ao sr. Adalberto a ameaçá-lo de morte?... Ou, sei lá… mandar o sr. Ministro à merda?

posted by Raimundo @ quinta-feira, janeiro 05, 2006   6 e, se calhar, talvez até mais labregos passaram os olhos por isto e acharam-se qualificados para dar a opinião que ninguém lhes pediu
quarta-feira, janeiro 04, 2006
Isto vai ser um ano muito longo…

Ainda o novo ano não tem quatro dias e já quase todas as resoluções tomadas antes do estado de embriaguês se ter apoderado de nós há quatro noites atrás foram por água abaixo. Não estamos a cumprir as promessas que havíamos feito a nós próprios nos últimos dias de 2005. Afinal ainda não foi desta que deixámos de fumar, beber, snifar cola. Ainda não foi este ano que abdicámos da carne para nos tornarmos vegetarianos. E a dieta também pode começar no dia seguinte. Ainda não nos habituámos à ideia de telefonar mais vezes à mãe, ou à tia do Porto. Continuamos sem escrever aos amigos da Secundária. Ainda não calçámos os ténis velhos para fazer a tal corridinha e desculpamo-nos com o frio que faz lá fora num acto patético de auto-indulgência. Aliás, quaisquer que tenham sido as nossas sinceras promessas no final de 2005 para levar a cabo a partir do primeiro dia de 2006, vão-se escoando por um farrapo de motivos que vamos utilizando como desculpa para a má vontade.

Mas não se sintam mal com a vossa consciência. Não alimentem a culpa nos vossos corações. Não deixem que o peso do remorso roube a aparência de conforto da vossa patética existência. Hei… a culpa não é nossa. Somos apenas o fruto de uma sociedade cada vez menos comprometida consigo própria. E se mais ninguém assume nada do que havia prometido, porque haveríamos nós? Acaso somos especiais? Acaso importamos? Ainda há alguém que nos leva a sério? Então para quê considerar-nos a nós próprios? Não estávamos a falar a sério… foi só um delírio momentâneo induzido pelo clima natalício… esse malandro que nos prega partidas à consciência!...

Afinal… as promessas, toda a gente o sabe, nem sempre são para cumprir. Aliás… o verdadeiro desafio da promessa não está na sua realização, mas na qualidade da desculpa que temos que inventar – para os outros a para consolo próprio – para não ter que a executar. Perguntem a qualquer político…

E para além disto tudo, sempre que aquela pontinha de remorso – que insiste em não partir das mentes mais conscienciosas – atacar, lembrem-se que neste curto espaço de três dias coisas piores fizeram balançar a harmonia da Santa Quadra: A Rússia cortou o abastecimento de gás ao resto da Europa porque não se dá com a Ucrânia. A Ucrânia ameaçou explodir o gasoduto porque não se dá com a Rússia. Os árabes aumentaram o preço do barril do crude porque não se dão com os americanos. E os americanos bombardearam mais um país de terceiro mundo – para levar a democracia ao povo, não foi por causa dos jazigos de petróleo – porque não se dão com ninguém.

Por cá, e em igual período de tempo, o Porto quis contratar um jogador só para lixar o Benfica. O Benfica foi ao Brasil buscar o craque só para lixar o Porto. Um amigo do craque e do Porto veio atrás deles e também se lixou com a mais bem dada chapada que a televisão já transmitiu ao vivo. As gasolineiras aumentaram os combustíveis e o gás. Os bancos decidiram ampliar o valor das prestações do crédito à habitação. Os impostos sobre o pão e o leite vão aumentar. O Estado tenta protelar as decisões mais polémicas até ao início do próximo Mundial de Futebol na esperança de que o povo não pense em mais nada. Uma reacção, aliás, compreensível, já que, para o terço de cidadãos que vive no limiar da pobreza no nosso país, é mais importante discutir a internacionalização da Galp e da EDP, vendidas a retalho a empresas italianas e espanholas. Ao contrário das promessas feitas em 2005 o Governo também não vai poder aumentar os salários na proporção do crescimento da inflação. Nem reduzir o défice. Nem cumprir o Protocolo de Quioto.

E sentem-se vocês culpados… tss…tss. Vá lá. Relaxem. Que o remorso não vos impeça de fumar, de beber, de cheirar cola, de meter p’rá veia, ou de qualquer outra coisa que vos ajude a passar os próximos 360 dias. De preferência numa espécie de transe etéreo. É que este… vai ser um ano muito longo!

posted by Raimundo @ quarta-feira, janeiro 04, 2006   1 e, se calhar, talvez até mais labregos passaram os olhos por isto e acharam-se qualificados para dar a opinião que ninguém lhes pediu
 


Nome: Raimundo
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Blog aberto a fumadores. E não... não temos as dimensões estipuladas por lei para poder ter um espaço para fumadores. E como estamos num país de chibos, já estou mesmo a ver: um dia destes há uma denúncia anónima e aparecem-me aí uns estupores da ASAE para fechar o tasco!

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