quarta-feira, maio 07, 2008 |
Techno-chunga por favor... |
Foi traumática a minha primeira incursão numa discoteca. Juro-vos. Devia ter uns 15 ou 16 anos. Estaríamos portanto em 91 ou 92. Rockeiro dos sete costados que já então era (com certeza mais fundamentalista então), confesso a minha decepção após meses e meses de idealização do que seria a minha primeira noite numa discoteca. Vesti-me a preceito. Calças pretas de ganga…T-shirt preta dos Sepultura (que ainda hoje guardo no fundo de uma das caóticas gavetas do guarda-roupa)… botas pretas de cano alto… bandana preta enrolada no pulso direito… pulseiras de cabedal no pulso esquerdo. Esgueirei-me pela porta do primeiro piso a meio da noite, silenciosamente para não acordar o cão e, sobretudo, para não acordar o meu pai – que normalmente despertava para qualquer barulhinho antes do cão. Enfim… tanto risco, tanto esforço... para nada. Foi uma das noites mais frustrantes da minha vida. Ia eu preparado para Metallica, Guns, Doors, Stones, Faith, Sisters, Pixies, REM, Red Hot, Cure, Smiths… e sai-me martelada a noite toda. A NOITE TODA! Pá!... Nem sequer um Michael Jackson, um Prince, um Kershaw, uma Madonna… porra, nem um Bryan Adams… nada! Foi martelada a noite toda. E eu que cheguei ao ponto de suplicar telepaticamente… por amor de deus… que por favor… até já ficava contente com um Génesis. Enfim… se já era averso ao género… a partir daí ganhei-lhe ódio. Durante anos e anos recusei-me a abanar o traseiro numa discoteca ao ritmo de tais ruídos. O mundo da dança, obviamente, não ficou a perder nada, mas pelo menos eu mantinha-me fiel aos meus princípios. Bom… fui fazendo uma concessãozita ou outra lá para os fins dos 90, só por nostalgia… e por arremedo. Mas no essencial, mantinha a minha posição. Mais uma vez, porém, revelou-se acertada a sabedoria dos velhotes que avisavam que depois deles viria quem deles bons faria. Eis pois que chegava o século XXI. A coisa nos primeiros dois anos não foi má. Mas talvez devido ao fenómeno Il Niño… passou a travadinha na cabeça de alguns DJ’s. De então para cá é sempre a piorar – pelo menos para um rockeiro (ainda que mais liberal que outrora) como eu. E hoje… já nem entro numa discoteca com expectativas muito elevadas no que toca à qualidade musical. Mas quase sempre… dou comigo a implorar telepaticamente ao DJ… que por amor de deus… até já ficava contente se passasse 2 Unlimited. |
posted by Raimundo @ quarta-feira, maio 07, 2008 |
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